Mais um IPO: agronegócio volta à Bolsa com ações em alta de exportadora de açúcar orgânico
Fonte: oglobo

Empresas de agronegócio e energia lançam ações na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
SÃO PAULO - Duas empresas estrearam na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) na segunda-feira, mas com resultados diferentes ao fim do pregão. Quem se destacou com alta nas ações foi a Jalles Machado, maior exportadora de açúcar orgânico do mundo e que marcou a volta do agronegócio às ofertas de ações.
A empresa é a maior exportadora de açúcar orgânico do mundo, produto que tem maior valor agregado que a commodity comum.
O IPO (oferta pública de ações) da companhia é o primeiro de uma empresa ligada ao agronegócio na bolsa paulista desde 2013.
As ações da Jalles Machado, produtora goiana de açúcar e etanol, terminaram o dia com alta de 8,92%, cotadas a R$ 9,04, enquanto que as da empresa de energia Focus terminaram seu primeiro dia em queda de 13,15%, cotadas a R$ 15,65.
Para analistas, o setor sucroalcooleiro vive fase ascendente após passar por severa crise devido à alta do câmbio e a subida do preço da commodity, o que influencia na precificação dos papéis da Jalles Machado.
Apesar da alta, as ações da Jalles Machado ainda estão abaixo da faixa indicativa da oferta, que variava entre R$ 10,35 a R$ 12,95. Na oferta primária, os papéis foram vendidos a R$ R$ 8,30, o que movimentou ao todo R$ 741,5 milhões.
— A Jalles Machado é empresa de um setor conhecido do mercado e que já tem participantes do mercado listadas, como a São Martinho, o que facilita a precificação. A empresa se beneficia da nova alta da demanda global por commodities também (liderada pela China) — afirma Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos.
Focus estreou em forte queda
Outra estreante na B3, a Focus, uma plataforma integrada de negócios em energia elétrica, viu seus papeis com forte queda.
O preço das ações da empresa, que atua na comercialização e geração de energia, foi definido no IPO desta segunda-feira em R$ 18,02, valor também abaixo da faixa indicativa de R$ 21,20 a R$ 28,60 por papel. Antes do primeiro pregão, a empresa captou R$ 765 milhões.
Apesar do mercado aquecido e favorável à entrada das empresas na Bolsa, o analista Arthur Spirandelli, da Acqua Investimentos, ressalta que empresas menos conhecidas do mercado podem não ter alta em seus primeiros pregões.
— A Jalles Machado é mais conhecida do mercado por ter emitido títulos de crédito em um passado recente, enquanto que a Focus é uma plataforma de negócios em energia elétrica, um nome não tão recorrente no dia a dia do mercado — disse ele.
O fato de a Focus ter colocado um lote suplementar de ações mesmo depois de a oferta base ter sido precificada abaixo do piso de sua faixa indicativa também pode explicar a baixa em seu primeiro pregão, segundo Gustavo Akamine.
A Focus deve usar a maior parte dos recursos levantados no IPO para financiar um projeto de energia solar que produz energia destinada ao mercado livre, modalidade na qual grandes consumidores de energia negociam e compram energia diretamente com empresas.
O cenário de juros baixos no país e o adiamento de ofertas públicas de ações que estavam programadas para o ano passado e foram postergadas devido à pandemia devem fazer com que 2021 bata um recorde no número de IPOs.
Apenas até a próxima semana, serão 12 novas empresas. Além de companhias do agronegócio, há empresas de mineração (CSN Mineração), varejo (loja de decoração Westwing) e educação (Cruzeiro do Sul) entre as que se preparam para ir ao mercado.
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